
O Salto
Ceumar fez a canção em março e Caco Pontes criou os versos em ressonâncias misteriosas com a Grande Mutação de dezembro de 2020. Algo já estava no ar e a música/ poema/imagens se alinharam ao momento cósmico iminente.
A canção “O Salto” foi feita por Ceumar em março de 2020, no início da quarentena, devido à pandemia de Covid-19 e a chegada do vírus ao Brasil. Todas as perguntas estavam no ar e também a busca por respostas. No mesmo período, a cantora e compositora enviou o primeiro registro ao poeta Caco Pontes, convidando-o a colaborar na criação, que culminou na elaboração de um poema de sua autoria em diálogo com a abordagem temática da composição. Após diversas tentativas de produção caseira audiovisual à distância para materializar o projeto (Ceumar no interior de Minas Gerais e Caco em São Paulo/capital), sem alcançar resultados satisfatórios para ambos, mediante o desafio em encontrar a linguagem desejada na expressão conceitual do objeto estético, foi apresentado o registro em áudio para a fotógrafa e videomaker Manoela Rabinovitch, que se identificou fortemente com a proposta e sugeriu a realização de um videoclipe utilizando imagens captadas por cada artista, tanto caseiras quanto externas, somando outras por suas próprias mãos e lentes, mescladas a arquivos da Nasa que a artista selecionou, integrando mata e metrópole com imagens interplanetárias, enquanto metáfora das percepções que este tempo acentuou.
“O Salto” reflete a busca por transmutação e confiança nas possíveis mudanças a que estamos sendo lançados . No decorrer do processo notou-se que existia uma relação no uso do termo que faz referência ao livro “Ponto de Mutação” (Fritjof Capra, 1982), que fala sobre as crises mundiais e as mudanças necessárias para alcançar novos paradigmas junto ao mundo contemporâneo. A livre associação confirmou algo que pode ser considerado sincrônico. O resultado da criação conjunta, conta ainda com a colaboração de Tiê Coelho Todão na produção e finalização do áudio. A obra audiovisual foi contemplada com o prêmio nacional do edital Respirarte Funarte – 2020.
Ceumar é cantora, compositora e instrumentista do sul de Minas Gerais, tem 8 álbuns e 20 anos de carreira fonográfica desde o lançamento de DINDINHA, em 1999. A música foi desde cedo algo natural em casa. O violão aprendeu com seu pai, cantor na juventude, e a voz maviosa da mãe a inspirou a cantar. Mais tarde fez aulas de violão clássico, na Fundação de Educação Artística de Belo Horizonte. Já em São Paulo fez aulas com Consiglia Latorre, através da técnica “O Desvendar da Voz”, descobrindo assim seu canto natural e dinâmico. As primeiras composições foram surgindo nesta caminhada de encontro à sua essência e trouxe parcerias especiais com Alice Ruiz, Dante Ozzetti, Tata Fernandes, Flávio Tris, entre outros. Tem 7 álbuns gravados de forma independente e 25 anos dedicados à música. Morou 6 anos na Holanda onde fez vários shows e performances também na Alemanha, Bélgica e Hungria. Em 2019 lançou seu oitavo álbum – ESPIRAL – produzido por Fábio Pinczowiski e direção artística de César Lacerda (selo Circus).
Caco Pontes é poeta e multi-artista. Autor de 4 livros, publicou em diversas antologias, coletâneas e revistas. Integrou o coletivo Poesia Maloqueirista por mais de uma década. Participou de festivais literários no Brasil e no exterior, em países como Argentina, Chile e México. Já se apresentou ao lado de Ava, BNegão, Karina Buhr, Siba, Juçara Marçal, Edgar, KL Jay, Elisa Lucinda e Lirinha. Produziu e lançou discos dos projetos literomusicais Baião de Spokens e Stereotupi, além de idealizador do Verso Móvel Sound System. Criou performance-show para a Mostra Errática, programação que integrou a exposição “Tom Zé 80 Anos”. Concebeu e dirigiu o espetáculo “diaspOralidade”, reunindo artistas de Angola, Congo, Cuba e Síria. Coordenou o laboratório de criação “Palavra Tot@l”, na residência Labsonica Oi Futuro/RJ. Tem composiçōes em parceria com Alice Ruiz, Ceumar, Gustavo Galo, Jonathan Silva e no momento prepara disco em parceria com a banda Projetonave.